quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Disturbios comportamentais

Fui pra casa da minha mãe já esperando por noticias ruins.  Mas para minha surpresa, meu pai disse que ela dormiu a noite toda.  Acordou por volta de 1,30 da madruga e falou: “Orlando, eu não vou fazer mais escândalo tá?”  Dá pra entender o que acontece na cabecinha dela?  Eu, sinceramente, não entendo.

Dei um café da manhã reforçado pra ela.  Ela estava mto tranqüila, completamente diferente do dia de ontem.  Parecia outra mulher.  Um outro olhar.  Um olhar de criança arrependida por ter feito coisa errada. 

Perguntei se ela estava bem.  Ela disse que sim.  Perguntei se ela gostaria de voltar pra cama (achei que ela estivesse sonolenta).  Ela disse que não, iria ficar sentada na sala.  Então falei pra ela que eu ia pra academia e ela disse: “Vai sim minha filha”.

Quando voltei (1 hora depois) meu pai disse que eles haviam permanecido sentados na sala desde que eu havia saído.  Levei-a ao banheiro, dei os remédios e disse que iria a feira.  Ela continuou sentada na sala.  Voltei da feira e ela continuava sentada na sala.  Prevendo o alto apetite dela, ofereci uma vitamina e ela aceitou.  Era 8,30 e ela bebeu tudo.

Na hora do almoço, a cuidadora falou que estava tudo em paz.  Era 11 horas e eles já estavam almoçando.  Graças a Deus o apetite dela ainda não foi afetado.

Agora a noite soube que minha mãe teve uma das costumeiras crises dela...  Ficou muito desorientada, impaciente, nervosa... xingou, esbravejou, chorou, gritou.  Mas a cuidadora contornou a situação e tudo terminou com uma abraço da minha mãe nela, pedido de desculpa e choro reciproco das duas.


Quando voltei do trabalho encontrei-a gritando: "A PORTA ESTÁ ABERTA! A PORTA ESTÁ ABERTA!"
Perguntei que gritos eram aqueles e ela disse que a gente estava chateando ela... Dei o calmante a ela e saí de la com o pressentimento de que a noite vai ser dificil...

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Essa fase da doença está muito dificil

Após uma noite mal dormida, devido aos acontecimentos de ontem, porque fiquei pensando por longas horas a respeito dos medicamentos que minha mãe está tomando e tentando, com base nos efeitos medicamentosos que o médico me explicou, achar uma combinação exata de remédios que pudessem surtir um efeito positivo na atual situação da doença dela.

Penso ser um coquetel fortíssimo que ela vem tomando.  É fato que o último remédio acrescentado pelo médico (ALOIS) não surtiu um efeito positivo.   Pelo que o médico dela me disse, tanto o SEROQUEL quanto o LEXOTAN são calmantes.  Sendo que o SEROQUEL faz ela dormir e o LEXOTAN a tranqüiliza nos momentos de nervosismo.

Hoje ao chegar na casa dela pela manhã, meu pai disse que tinha dormido ontem após eu sair de lá até a 1 h da manhã, quando recomeçou a gritar: “ABRE A PORTA! ABRE A PORTA QUE MINHA FILHA FECHOU!”   A porta a que ela se refere é a porta principal da casa.  Ficou gritando isso até as 3,30.  Meu pai disse que os vizinhos já estavam próximos a janela para escutar o que ela gritava.  Meu pai não agüentou e  adormeceu mesmo com os gritos dela. 

As 5,45hs, quando entrei na casa deles, estavam dormindo.  Meu pai levantou e ela continuou dormindo.  Comecei a preparar o café da manhã deles, quando de repente escuto um barulho no quarto.  Era o segundo tombo dela no dia que mal acabava de começar.  Meu pai disse que ela já tinha caido durante a noite.  Eu e meu pai a levantamos e a trouxemos para a sala.  Levei-a ao banheiro.  Sentou-se com a fralda... não teve paciência de esperar eu tirá-la.  Urinou enquanto falava um monte de coisas desconexas.  Em seguida a levei para sentar-se na sala enquanto eu terminava de preparar o café da manhã dela.  Ela levantou-se e tornou a cair.  Falei  que ela precisava ficar sentada pra esperar o café da manhã.  Então ela começou a gritar: “QUERO COMER! QUERO COMER!”  “ME DÁ COMIDA! ME DÁ COMIDA!”.  
Falei pra ela ter um pouco de paciência. Meu pai teve que segurá-la para eu poder terminar o sucrilho dela. 

Comeu sucrilho com mamão, leite e mel. Depois comeu um sanduiche de pão com requeijão e uma caneca cheia de café com leite.

Estava com um olhar estranho, meio vidrado, apático. 

Logo que terminou de comer ameaçou se levantar e disse que iria na cozinha.  Qdo perguntei o que ela iria fazer, ela disse que iria comer!!!  Falei que ela tinha acabado de tomar café da manhã.  Ela disse que isso não era comida, e ela queria comida, iria fazer arroz com ervilha e peixe. 

Falei com ela que qdo a cuidadora chegasse ela iria preparar a comida.  Então mais uma vez ela começou a gritar e a chorar.  “ME DÁ COMIDA!”  “EU QUERO!”

Meu Deus! Eu e meu pai já não sabíamos mais o que fazer.  Conversava com Deus pedindo uma luz enquanto olhava pra ela gritando, sem a menor expressão na face, apenas gritando como uma criança quando quer conseguir algo.  Só gritava e mais nada.  Então dei os remédios pra ela (captopril e seroquel) e falei que iria ligar para o Silvio pra ele ir lá se ela continuasse a gritar.  Passaram-se alguns segundos e ela pediu para ir deitar.  Levei-a para a cama e em menos de 5 segundos estava roncando.

Na hora do almoço passei por lá pra ver como ela tinha reagido após acordar.  Pelo que eu soube ela dormiu pouco com o remédio que eu dera pra ela.  Doença ingrata.  Deus me ajude e a meu pai, pois está muito difícil de suportar.

Na volta do trabalho, passei na casa da minha mãe e encontrei minha filha com ela.  Meu pai disse que ela estava gritando desde as 18,30.  Disse que tinha uma porta no teto que eu tinha fechado e gritava pra abrir a porta.  Os vizinhos preocupados com a gritaria apareceram na janela.  Meu pai disse que estava tudo bem que aquilo era loucura da cabeça dela.  Minha filha tentou acalma-la, mas está mto difícil.  Ela queria lanchar pela terceira vez.  Observei que nessa fase da doença ela tem sentido muita fome.  Falei com ela que ela tomaria um copo de suco com os remédios pois estava na hora de dormir.  Tomou os remédios e qdo viu que eu não daria nada pra comer aquela hora disse que tb não iria tomar o suco.  Eu não forcei.
Pedi e implorei pra ela não gritar e dormir.  Mas só Deus nessa hora!!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Um dia após o outro...

Hoje, apesar de minha mãe ter dormido razoavelmente bem, ao passar na casa dela pela manhã me preocupei um pouco.  Meu pai disse que ela acordou no meio da noite sentindo dores pelo corpo, no peito...  Anotei no diario, eu e as cuidadoras temos que observar se isso vai persistir.

Ontem a tarde ela comeu demasiadamente bolo.  E após toda aquela comilança, como venho notando que ela nunca mais se queixou de dores pelo corpo, perguntei ao meu pai se ela nunca mais havia pedido Tilenol para dores.  Meu pai disse que não, que ela não tinha mais se queixado de dores.  Algumas coisas que a gente fala ela registra na cabecinha dela... rs.  Quando percebi que ela estava prestando atenção na conversa logo mudei de assunto.  Então, essas dores que ela se queixou durante a noite, pode ser sim do que ela ouviu ontem.  Precisamos observar...
Ela está com uma fome insaciável.  De manhã comeu três pedaços de bolo, e qdo me viu chegar me pediu café da manhã de novo, disse que ainda não tinha comido.  Tive que dar um pão na chapa pra ela... rs Quando foi 11 hs passei na casa dela e eles já tinham almoçado.  Que apetite que ela está...rs
Soube pelo diario da cuidadora que hj ela teve uma das crises, gritando e chorando.  Depois de muita oração ela acalmou.
Agora a noite passei lá para dar os remedios, colocar a fralda... tudo normal.
Qdo foi 22 hs meu pai me liga e do outro lado da linha escuto os gritos dela ABRE A PORTA, ABRE A PORTA.
Fui pra lá e da rua já podia ouvir os gritos.  Qdo cheguei lá ela estava com uma expressão mto esquisita.  Perguntei pra ela pq ela estava gritando... ela não soube dizer.  Falei com ela que eu não queria ouvir gritos e que ela tinha que dormir e não incomodar os vizinhos.  Voltei pra casa, mas será que vou conseguir dormir?

domingo, 28 de agosto de 2011

Quem sou?



Um dia atipicamente de paz!  
Aquela reação de ontem (choro/gargalhada) hoje não se manifestou.  Embora ela ainda apresentasse alguma confusão mental, irritação com a cuidadora, um pouco de intolerancia, ela passou um dia calmo.

A tarde lanchamos juntas.  Levei um bolo, aliás, isso já se tornou uma rotina.  Ela me pede bolo todos os finais de semana. Apos comer três bons pedaços de bolo, me pediu um quarto pedaço.  Falei pra ela que já estava bom.  Ela disse que queria comer uns dez pedaços... rs  Qdo falei que não, ela fez beicinho querendo chorar...rs então dei mais um pedaço e disse que era o último senão ela poderia passar mal.  Aí ela se conformou.

Deixo aqui uma mensagem para reflexão:


Chego sorrateiro na companhia do tempo que precariamente lhe consome.
Infiltro-me no processo de envelhecimento me fazendo natural em seu esquecimento, em sua desorientação do não lembrar,na caducidade de sua não  lucidez, mas, meu objetivo maior é destruir progressivamente seus neurônios, é lhe deixar em completa apatia sem motivo aparente, se possível lhe levar à depressão, roubar-lhe seu juízo e critica na confusão de seu raciocínio, tornar-se sua incessante ansiedade, sua inquietação, sua agressividade, desorganizar seu sono e seus pensamentos em delírios, dificultar sua locomoção, lhe deixar em total dependência, roubar-lhe sua funcionalidade, seu cognitivo racional, seu cérebro.
Sou o mal crônico a causar sofrimento, esteja atento...
Sou ALZHEIMER!

sábado, 27 de agosto de 2011

Não sei o que está acontecendo...

Hoje de manhã saí arrasada da casa de minha mãe.  Após ela   Ela acordar e tomar o café da manhã, desatou num choro misturado com risada... não saía uma lágrima dos seus olhos mas ela dava uma risada como se estivesse chorando...  E a medida que eu e meu pai tentávamos acalmá-la mais ela aumentava o tom... 
Fui pra minha casa e comecei a chorar.   Um misto de tristeza, desanimo, cansaço, desesperança.  Recorri novamente a Deus.  Ele tem sido sempre o meu socorro ultimamente.  Preciso entender o que se passa com ela...
Voltei lá com meu marido.  Ele observou o choro/risada e me disse que aquilo só podia ser mais uma consequencia da doença... ela não estava sentindo dor... estava superalimentada.  Ontem ela disse que tinha medo de não me ver mais.  Hoje ela falou na cama que a cuidadora não queria mais deixar as crianças brincarem lá.  Falava assim: "A Catia sempre vinha brincar aqui com as argolinhas e agora não vem mais.  Aquela **** só pensa em me dar banho.  Ela tirou as crianças de mim."
Depois de dar um calmante pra ela enfim ela conseguiu ficar um pouco quieta e até mesmo adormeceu.
Na hora do almoço fui lá porque receava que ela não fosse comer.  Mas comeu direitinho.  Foi escovar os dentes e se deitar.
A tarde qdo cheguei lá ela estava fazendo a mesma coisa ....risada/choro... Meu pai e a cuidadora conversavam sobre aquela situação.  Cheguei no quarto e falei: "O que é isso mãe?  Que gritaria é essa?  Vamos para com isso que os vizinhos estão reclamando comigo."  continuei:  "Vamos lanchar que eu to com fome."  Ela levantou-se na mesma hora, calou-se.  Sentou na sala, lanchou, depois levei-a ao banheiro e pediu para voltar para a cama.  Eu falei:  "Mas não pode ficar gritando.  A senhora vai gritar\?"  Ela disse que não, que ficaria quietinha e realmente ficou.
Agora é aguardar pra ver como vai ser essa noite...

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Meu bebê

Minha mãe teve mais uma noite de sono tranqüilo.
Após acordar e tomar o café da manhã resolveu voltar para a cama.  Fui no mercado e na volta ela estava deitada fingindo dormir.  Logo vi que alguma coisa de anormal tinha acontecido.
Meu pai disse que ela se levantou, logo assim que eu saí, e queria ir na cozinha tirar tudo dos armários e gavetas para fora.  Meu pai evidentemente não deixou e ela se enfureceu.  Fez cocô onde estava e ainda disse pra ele: “Acabei de fazer cocô”  É a forma que ela encontra para mostrar que ficou com raiva.  Meu pai levou-a ao banheiro, limpou-a e levou-a para a cama.
Só que ela se revoltou com ele e comigo também.  Não queria abrir os olhos e nem tomar os remédios da manhã.  Eu e meu pai tivemos que virá-la a força para que ela engolisse os remédios.  Foi a primeira luta travada logo de manhã.
Agora a noite ela me deu um largo sorriso ao me ver... rs
Fez tudo direitinho, sem reclamar... quando eu falei que eu ia pra casa jantar e descansar chorou feito criança... não queria que eu fosse embora.  Oh meu Deus, meu coração ficou tão pequenininho... Falei pra ela que logo eu estaria de volta, que eu só iria dormir um pouquinho... Virou mesmo meu bebê!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Obrigado meu Deus

Graças a Deus uma noite tranquila!!
Qdo cheguei os dois (meu pai e minha mãe) ainda estavam dormindo.  Preparei o café e só os acordei quando tudo estava pronto.  Minha mãe dormiu como um anjo.  
Se alimentou bem no café da manhã e mais tarde fizemos alguns exercicios fisicos e de fono.  A cuidadora me alertou e eu já tinha observado que ela está com certa dificuldade em abrir a boca, por isso treinamos bastante caretas... rs
Agora a noite tudo continuava na paz.  Continuem orando.  Deus tem ouvido nossas orações.
Espero que amanhã seja mais um dia tranquilo.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Mudança da noite para o dia

Hoje as noticias não são muito boas...  Ao chegar em casa de minha mãe logo pela manhã encontrei-a de joelho no chão.  Estava sem forças nas pernas e muito nervosa.  Já acordou nervosa.  Meu pai disse que durante a noite ela repetiu diversas vezes a frase “Quero morrer” até que ele deu um calmante para que ela voltasse a dormir.
Dentro da fronha dela tinha um lencinho deixado pelos visitantes da Igreja Mundial da Fé.  Perguntei ao meu pai se aquilo era alguma “mandinga”.  Ele disse que guardou dentro da fronha para não perder.  Pedi que ele tirasse aquilo de lá e que naquela casa nós só acreditávamos unicamente no poder de Deus e em mais ninguém e em mais nada. 
Ele percebeu a minha insatisfação com aquela visita que ao meu ver só tinha deixado minha mãe mais tensa e nervosa.  Não presenciei a cena da visita mas acho que no atual estagio da doença da minha mãe, uma simples visita é motivo para desencadear uma crise emocional.
Bom, consegui acalmá-la.  Dei o seu café da manhã e ela pediu-me para voltar para a cama.  Deitei-a e pedi ao meu pai que ficasse ao lado dela. 
Fui fazer a feira, mas quando voltei encontrei-a caída de novo, agora na janela da sala.  Suas pernas estavam incrivelmente sem força.  Como pode uma mudança tão grande de um dia para o outro??  Meu pai não conseguia levantá-la, só fazia reclamar dizendo que ela não parava quieta.  Levantei-a e dei os seus remédios.  Fiz um carinho em sua cabeça, levei-a ao banheiro e falei pra ela ficar quietinha, que a cuidadora já estava chegando.  Eu precisaria sair mais cedo hoje para passar na farmácia popular e na Pacheco para comprar os remédios dela e do meu pai.
Agora a noite ela continuava alterada.  Chorou um pouco mas logo se acalmou.  Essa fase da doença está sendo muito sofrida, tanto pra ela, quanto pra nós.
Deus ajude que a noite seja de paz naquele lar.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Uma noite de paz

Agradeço a todos que em pensamento e oração, pediram por uma noite tranqüila para meus pais.
Ao chegar pela manhã, minha mãe ainda dormia na mesma posição em que eu a havia deixado.  Meu pai disse que ela dormiu a noite toda.
Levantou, tomou café da manhã, depois voltou pra cama.  Disse a ela que quando voltasse da academia faríamos exercícios.
Quando cheguei ela tinha ido ao banheiro, mas não conseguiu chegar a tempo... tudo bem, isso acontece.
Fizemos exercício e ela pediu o café da manhã de novo... rs  Dei a ela uns biscoitos e um copo de suco.  Então disse para ela aguardar pela cuidadora que logo ela estaria chegando.
Nem parecia a mesma mulher agitada de ontem.  Impressionante!


Na hora do almoço, soube pela cuidadora que eles receberiam a visita de irmãos da Igreja Mundial da Fé.  Ainda não sei como foi a visita.  Amanhã devo ter novidades com relação a essa visita.


Agora a noite tudo parecia relativamente normal, a não ser por uma calcinha no chão do banheiro... rs  Perguntei: ué de quem será essa calcinha?  E ela respondeu: Não é minha.. kkkk

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A noite não foi tranquila... Uma sucessão gritos, ora pra abrir a porta, ora para fecha-la.


Quando cheguei pela manhã encontrei-a com uma aparência nervosa, triste e assustada.  Já tinha tomado café mas disse que queria comer porque ainda não tinha comido.  Fiz uma vitamina pra ela.  Bebeu tudo.  Enquanto preparava a vitamina via o quanto ela estava agitada com meu pai.  Ele já sem paciência, por causa da noite mal dormida, falava com ela com nervosismo e aquilo só estava piorando a situação.
Depois que ela bebeu a vitamina eu falei: Mãe vc sabe o quanto eu te amo né?  Eu te amo muito!  Ela me abraçou e começou a chorar.  Falei pra ela chorar e me abraçar e ficamos assim por alguns minutos até que ela se acalmou e me disse que também me amava.   Falei com ela que a gente precisa amar uns aos outros.  Quanto mais amor a gente desse mais rápido ela ficaria boa, porque Deus gosta de ver quando uma família vive em amor!  Depois de muito conversar eu falei que cantaria um himo pra ela que tinha vindo em minha mente naquela hora.  Dizia mais ou menos assim:
TODA A ARMA CONTRA TI
PROSPERAR NÃO PODERÁ
QUANDO O INIMIGO CONTRA TI SE LEVANTAR
CRISTO TE DEFENDERÁ.
E depois daquele, cantei mais alguns, até que ela já totalmente recuperada ficou ali sentada a espera da cuidadora da semana que já estava quase chegando.
Agora a noite, foi dificil de colocar minha mãe na cama.  Ela queria que eu abrisse a porta.  Abri a porta e mostrei pra ela que estava chovendo.  Ela queria que meu pai saisse.  Falei com ela que estava na hora de dormir.  Ela me perguntou porque eu maltratava tanto ela... eu disse que estava maltratando, mas que já era tarde, já era noite e que estava na hora de dormir.  Depois foi uma luta pra ela tomar os remedios... 
Deus ajude que ela durma hoje.  Meu pai precisa descansar.  A paciência dele está se esgotando e confesso que a minha também.

domingo, 21 de agosto de 2011

Um domingo de Paz

Hoje o dia foi relativamente tranquilo.  Minha mãe acordou tarde.  Tomou um café da manhã reforçado.  Dormiu mais um pouco.  Acordou as 3 hs da tarde, mas estava tranquila, só não queria almoçar.

Achei estranho ela não querer comer, já que o apetite dela é sempre grande.  Fui até lá e falei: Mãe vamos almoçar? Ela respondeu: Vamos.  Bateu um pratão de comida e ainda pediu sobremesa.  Ficou na sala ora conversando, ora delirando.  Me perguntou varias vezes o que ela deveria fazer quando os crioulos chegassem. Então fiz ela rir um pouco e disse que qdo eles chegassem ela deveria soltar um pum bem fedorento.  Ela caiu na risada.

Tomara que a noite seja uma continuidade do dia calmo de hoje.

sábado, 20 de agosto de 2011

Bipolaridade?

Minha mãe não dormiu a noite.  Meu pai disse que ela gritou das 2 até as 6 da manhã.  Pedia que abrisse a porta mas ela (a porta) ficou aberta a noite toda.

Pela manhã comeu seu sucrilho, e depois convidei-a para passear.  Trouxe ela aqui pra casa e ela quis tomar café de novo.  Estava bem, brincou com o cachorro, conversou com meu marido...normal...  Mas notei que seu equilíbrio não estava muito bom.

Levei-a para casa, pois precisava fazer mercado.  Ficou com a cuidadora do final de semana.

Cheguei do mercado e ela estava dormindo.  Tudo aparentemente normal.

Pensei que teriamos um final de semana de descanso...

As 13 horas meu pai ligou dizendo que minha mãe estava me gritando na janela, para eu ir lá... 

Qdo cheguei, encontrei-a nervosa, querendo uma tesoura, uma agulha ou um alfinete, pois precisava tirar a linha que EU tinha colocado em volta da cama.  Eu falei que não havia linha nenhuma em volta da cama.  Ela disse que EU tinha feito isso pq eu gostava de ve-la cair...  Pedi pra ela me mostrar a linha que eu mesma arrancaria.  Ela ficou parada olhando o vazio e então começou a chorar e a gritar.  Ainda não tinha almoçado e disse que não ia comer.  Disse que ficaria dormindo até de manhã.  Chorava e gritava sem parar.  Não teve outro jeito e tive que dar um calmante pra ela.

No dia anterior já tinha acontecido a mesma coisa.

Mais tarde voltei lá e ela estava dormindo profundamente.  Falei com a cuidadora que não a acordasse.  Deixasse ela dormir e ela acordaria como se nada tivesse acontecido.  

Ao anoitecer passei lá e levei uma pizza para eles lancharem.  Ela ao me ver ficou meio apavorada.  Acho que ela pensou que eu ia colocar a fralda.  Quando eu disse que era para comer pizza na mesma hora ela se levantou e sentou-se na sala para esperar.  Ficou assistindo TV, comentando e rindo do que estava vendo.

Comeu a pizza e quando eu fui embora ela me beijou e disse que me ama...

Obs.  A cuidadora disse que quando ela acordou a tarde, ela levantou como se nada tivesse acontecido, pediu para comer. Almoçou tudo, comeu sobremesa ... tudo normal.

Será bipolaridade??

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sete hábitos que ajudam na prevenção do Mal de Alzheimer


Claramente, o melhor tratamento para Doença de Alzheimer é prevenção, não remédios. O melhor meio de prevenir esse problema é a mesma estratégia para combater o diabetes, pois o objetivo é normalizar a insulina e leptina. A seguir, o nutrólogo Wilson Rondó lista sete orientações para prevenir a Doença de Alzheimer: 

1) Evitar açúcar e grãos, particularmente frutose. Consumir muitos vegetais frescos é a melhor estratégia. 

2) Usar ômega 3 da melhor qualidade com alta concentração de DHA e EPA e com pureza de metais pesados. 

3) Aumente o consumo de antioxidantes pois protege do Alzheimer e outros problemas neurológicos. 

4) Exercício é bom para o coração e cérebro. Segundo estudo quem não pratica exercício tem quatro vezes mais chance de desenvolver Alzheimer. 
5) Evitar e remover mercúrio do seu corpo. Procure o seu dentista e retire camadas e faça terapia de desintoxicação para mercúrio. 

6) Evite alumínio. Está diretamente associado com Alzheimer. Principais fontes de contaminação é a água para beber e desodorantes e panelas de alumínio. 

7) Desafie a sua mente: viagens, tocar novos instrumentos, quebra cabeça, palavras cruzadas estão associadas com diminuição do risco de Alzheimer. 

Com essas dicas, fica mais fácil se proteger dessa doença que atinge tantos idosos pelo mundo. Fique atendo aos sintomas, e em caso de dúvidas, procure um médico especializado no assunto para tirar ter mais conhecimento sobre o assunto. 

Um dia aparentemente tranquilo

Ao chegar em casa da minha mãe logo cedo, não fosse pelo grito "ABRE A PORTA PELO AMOR DE DEUS", poderia jurar que seria um dia de absoluta paz e tranquilidade.
Levantou, comeu o sucrilho, depois foi se deitar pra me esperar voltar da academia.  Ela disse que queria dar umas 50 voltas na garagem... rs
*****
Quando eu voltei ela já estava de pé.  Foi ao banheiro, coloquei um vestido nela, limpei seu rosto, penteei seus cabelos, coloquei a sapatilha e fomos andar na garagem.  Ela deu 3 voltas e disse que estava cansada.  Sentei-a em frente a porta de sua casa e comecei a tirar alguns pelos que nasciam embaixo do seu queixo.  Dei a ela uns biscoitos com café com leite.  
Nesse momento ela viu a vizinha da frente e a chamou.  Como sei que quando ela recebe visitas ela fica alterada, torci muito pra vizinha desistir da visita.  Convenci minha mãe de entrar para tomar os remedios.  Logo que ela entrou, tocaram o interfone.  Era a vizinha.  
- "Como vai D. Armanda?"
- "Vou bem graças a Deus!"
- "Que bom...."
- "Estou muito bem mesmo, graças a Deus!"
- "Que ótimo!  Ela come de tudo Catia?" - perguntou a vizinha pra mim.
- "Come sim.  Ela come bem."
- "Mas ela come doce também?"
- "Come, graças a Deus os exames dela estão todos ótimos, ela não tem problema de açucar não..."
- "Que bom né..."
Então desconversei e falei que precisava ir embora.  A vizinha também resolveu ir pra casa dela.
Já eram 8,30hs, então falei com minha mãe: Vamos ao banheiro e depois a senhora deita um pouquinho pra esperar a Cristina (cuidadora).
Quando fui suspender sua calça no banheiro, ela virou pra mim e disse:  "Tô entendendo .. vc vai me amarrar né?"  Eu disse: "É claro que não mãe!  A senhora está de calcinha só..."
Ela se deitou e começou a gritar desesperadamente:
"AI MEU DEUS, ME AJUDE, TEM MISERICORDIA DE MIM! 
AI MEU DEUS, ME AJUDE, TEM MISERICORDIA DE MIM! 
AI MEU DEUS, ME AJUDE, TEM MISERICORDIA DE MIM!
AI MEU DEUS, ME AJUDE, TEM MISERICORDIA DE MIM!"  
*
Ficou gritando sem parar e cada vez mais alto.  Eu, desesperada sem saber o que fazer (nunca tinha presenciado algo parecido, embora eu já soubesse que ela fazia isso de vez em quando) perguntei pra ela:
"A senhora quer que eu tire sua calça, pra ficar mais folgada?"  Ela disse que sim.  Deixei-a só de camisola na cama.  Mas ela continuou a gritar.
Não tive outro jeito, dei um comprimido de calmante pra ela, ajoelhei ao lado da cama e tentei com todas as minhas forças e palavras acalmá-la.  Mas ela continuou a gritar... então eu falei "Mãe os vizinhos já estão preocupados com a senhora.  Querem saber porque a senhora está gritando tanto."  Então ela se calou por alguns minutos.  
*
Fui pra casa, mas meu pai disse que logo em seguida ela recomeçou a gritar.
Uma hora depois voltei pra conversar com a Cristina sobre o ocorrido.  Conversamos eu, ela e meu pai.  
A situação é muito complicada.  Minha mãe tem uma doença ingrata que acaba emocionalmente com as pessoas que convivem com ela.  Meu pai não aceita, não entende, nem acredita que a doença que minha mãe tem é doença de velhice.  Ele quer que venham pessoas de todas as igrejas para orarem por ela na esperança da cura.  Ele não entende que se Deus quiser fazer um milagre, ele fará, independente de igreja ou de pessoa.  Tudo está nas mãos dele.  
Tem sido bastante dificil cuidar da minha mãe, ainda mais agora que meu pai está emocionalmente abalado.  O que eu peço a Deus, unicamente, é que ele nos dê força, paciencia e amor, pois isso é tudo o que minha mãe precisa nessa hora.  
*
Agora a noite, encontrei a minha rua sem luz.  Imaginei logo o que estaria acontecendo na casa de minha mãe.  Ficaram sem luz desde as 18 horas.  Os vizinhos estavam todos ao redor do apartamento deles, para acalmarem minha mãe.  Meu pai disse que ela gritou muito para abrirem a porta.  Acho que ela ficou com medo.
Pediu para lanchar.  Apos o lanche foi ao banheiro e em seguida se deitou.  Aparentemente tudo calmo...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Nasce uma nova esperança

O neuro da minha mãe incluiu no rol de remédios diários dela, o LOIS.  É um remédio indicado para Alzheimer moderadamente grave a grave. 
Pela manhã ela acordou mal-humorada, só para variar.  Dei os remédios tomou o café da manhã.  Depois fui fazer um carinho nos cabelos dela e ela me disse: “Catia, larga de ser falsa!!”  Então eu disse:  “Eu também te amo”.
Saí pra academia, quando voltei ela estava no sofá.  Seu rosto não tinha expressão.  Nem de tristeza, raiva ou alegria.  Dei os restantes dos remédios da manhã.  Levei-a ao banheiro e ela quis ir deitar.
Está com raiva de mim.
Na hora do almoço, passei por lá, e eles estavam almoçando peixe.  Perguntei se estava gostoso e ela respondeu num tom meio antipático: “Uma delicia”  
Já sabia que esse dia chegaria.  O paciente com Alzheimer odeia quem ele mais ama.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Tá cada dia mais dificil!

O dia hoje começou bastante agitado.
Encontrei minha mãe dormindo profundamente ao chegar na casa dela hoje.  Fiquei até com pena de acordá-la, mas como era preciso tomar os remédios, não teve outro jeito. 
Ela disse ao acordar: “De novo!  Todo dia a mesma coisa!”  e eu repeti: “É ... de novo... todo dia a mesma coisa...”
Foi ao banheiro (a fralda estava seca), urinou e foi para a cozinha.  Eu falei: “Mãe senta aí na sala que vou preparar o seu café.”
Ela não me ouviu e insistiu em ir para a cozinha.  Peguei-a pela mão e coloquei-a no sofá.  Ela ficou irritada. 
Comeu o pão e bebeu o leite.  Ao terminar a refeição, levantou-se e encaminhou-se para a cozinha.  Eu falei: O que a senhora quer na cozinha hoje?  Vai lavar a louça?”
 Ela simplesmente ficou parada na pia olhando para a parede... não entendi nada...  Então eu disse:  “Mãe, a senhora prefere sentar na sala ou voltar para a cama?”
 Ela me disse:  “Não, vou ficar na sala com seu pai.” 
Fui para a academia (6,30).  Quando eu voltei (7,30), meu pai disse que logo que eu saí ela se levantou e foi para a cozinha.  Meu pai perguntou pra ela:  “Você quer ir ao banheiro?”  Ela disse: “Não.”  E foi para a cozinha, mas antes mesmo dela chegar na cozinha começou a se urinar e defecar... 
Encontrei-a ainda suja.  Levei-a ao banheiro, limpei, troquei a roupa dela e coloquei-a na cama. 
Como eu tinha que fazer a feira, saí e quando voltei, falei pra ela: “Mãe vamos no banheiro.”  Ela respondeu: “ Não Catia, me deixa!”  Então fui para casa.  Eu tinha que tomar banho, porque hoje iria no Neuro dela para pegar novas receitas dos remédios e explicar toda essa situação de confusão que ela vem vivendo nesses últimos dias.
O médico me disse que essas alucinações faziam parte da doença mesmo.  Mas que ele iria trocar um dos remédios pra ver se ela melhoraria.  TOMARA!!! 

Exercício físico e interação social podem reduzir declínio de memória na doença de Alzheimer

"Estudos epidemiológicos sugerem que a atividade física regular pode prevenir o declínio cognitivo e demência na meia-idade. Um desses estudos mostrou que a dança, uma atividade aeróbica, foi associado com risco menor de desenvolver demência"

Considerando o crescente número de pessoas com demência em idade avançada e uma eficácia limitada de tratamentos farmacológicos, a identificação de medidas preventivas eficazes é um grande desafio.
Os fatores de risco não modificáveis para a demência são a idade e a predisposição genética. A literatura científica sugere que o estilo de vida em períodos (anos) anteriores à manifestação da doença pode influenciar o risco da doença. Nesse sentido mudanças nos padrões alimentares e atividades física e mental regular podem reduzir o risco de doença da Alzheimer. 



O propósito deste assunto foi enfatizar os dados de um estudo recente publicado numa revista de geriatria (International Journal of Geriatric Psychiatry) que avaliou as atitudes e motivações de pessoas com idades entre 50-65 anos em relação a “manter um cérebro ativo” (1).

Nessa pesquisa, as pessoas com maior motivação em manter o cérebro ativo por meio de diferentes atividades foram as mulheres. Pessoas que usavam novas técnicas para treinar o sistema nervoso central, assim como aqueles com maior nível sócioeconômico e que citaram a prevenção de demência ou perda de memória como uma motivação para essa mudança eram especificamente os mais jovens dessa pesquisa (entre 50-54 anos). A motivação de "manter o cérebro ativo 'também foi associado a pessoas que faziam palavras cruzadas, quebra-cabeças, etc. 

Podemos considerar que a atividade física tem um papel importante nesse contexto. Recentemente, estudos mostraram que pessoas sem demência com maiores níveis de atividade física apresentavam níveis mais baixos de biomarcadores da doença da Alzheimer (2) e menor risco de mortalidade (3). 

Estudos epidemiológicos sugerem que a atividade física regular pode prevenir o declínio cognitivo e demência na meia-idade. Um desses estudos mostrou que a dança, uma atividade aeróbica, foi associado com risco menor de desenvolver demência. Outro achado interessante foi mostrado por outro trabalho recente relatando que pessoas com condição cardiorrespiratória mais baixa nos estágios iniciais da doença de Alzheimer apresentam maior progressão da doença(2). 

A adesão aos programas de exercício físico tem mostrado facilitar a eficácia e longevidade do desempenho cognitivo em idosos. Vários mecanismos e uma série de fatores moderadores confirmam a utilidade de atividade física realizada desde o início da vida (infância e adolescência) e mantido durante a vida adulta. 

Isso é um alerta aos fatores de estilo de vida que influenciam o risco de doenças crônicas: um problema importante de saúde pública.
1- Bowes A, McCabe L, Wilson M, Craig D. 'Keeping your brain active': the activities of people aged 50-65?years. Int J Geriatr Psychiatry. 2011 May 2.
2- Liang KY, Mintun MA, Fagan AM, Goate AM, Bugg JM, Holtzman DM, Morris JC, Head D. Exercise and Alzheimer's disease biomarkers in cognitively normal older adults. Ann Neurol. 2010 Sep;68(3):311-8
3- Scarmeas N, Luchsinger JA, Brickman AM, Cosentino S, Schupf N, Xin-Tang M, Gu Y, Stern Y. Physical activity and Alzheimer disease course. Am J Geriatr Psychiatry. 2011 May;19(5):471-81
4- Vidoni ED, Honea RA, Billinger SA, Swerdlow RH, Burns JM. Cardiorespiratory fitness is associated with atrophy in Alzheimer's and aging over 2 years. Neurobiol Aging. 2011 Apr 30.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A noite passada, só pra não perder o costume, minha mãe resolveu fazer serão.  Não dormir de meia noite até as 2 hs.  Meu pai disse que ela o xingou de todos os nomes possíveis imaginar.  E disse que a mãe dela era uma falsa. (eu).
Na hora do almoço ela estava assistindo TV, qdo ela me viu entrar ela falou:  Catia fecha essa porta porque esse programa não presta.  Eu falei que o programa que ela estava assistindo (Hoje em dia - Record) era um bom programa.  Ela insistiu:  Fecha a porta... esse programa é porcaria.... rs
Agora a noite, ao passar para colocar a fralda, meu pai disse que ela estava falando mal de mim e dele... dizendo que a gente não presta, etc...  Ela disse que amanhã vai pegar uma fralda e vai andar uns 30 quilometros... rs
Um link muito interessante da Revista Veja.  Esclarece várias dúvidas sobre Alzheimer.

http://veja.abril.com.br/noticia/saude/mais-da-metade-dos-casos-de-alzheimer-poderiam-ser-prevenidos?gclid=CNDRgui8yqoCFc1L2godihpn2g

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Dia dos Pais - 14/8/2011

Ontem não postei nada, porque meu dia foi muito corrido...
A principio, o combinado era levar meu pai para almoçar comigo, mas devido a noite agitada de sábado para domingo, ele disse que não gostaria de ir.  Ele disse que não tinha prazer algum em comemorar nada vendo o estado em que estava minha mãe.  Deixei-o com seus pensamentos.  Notei o quão triste ele estava.  Não adiantava forçá-lo a nada.  Prometi que passariamos a tarde junto.
Minha mãe de sábado para domingo, simplesmente não dormiu.  Em meio a gritos e choros, tomada por tamanha ira, não deixou a cuidadora colocar a fralda nela.  Continuou com a neura da porta fechada.  Xingou a cuidadora de todos os nomes que se possa imaginar...  Foi uma noite muito atormentada.
Na parte da manhã resolvi aumentar a dose do calmante, pra pelo menos meu pai ter um pouco de paz no seu dia.  Antes de sair com meu marido, que considero meu segundo pai (sem ele não sei se suportaria tudo o que estou passando), deixei com a cuidadora o almoço que eu havia preparado para eles.   O calmante já havia surtido efeito na minha mãe que já estava bem mais tranquila.
À tarde voltei na casa deles, como prometido.  Fizemos uma pequena confraternização em meio a salgadinhos, cerveja e refrigerante.  Pude observar a grande antipatia que minha mãe nutre em relação a cuidadora do final de semana.  Ela é negra.  Minha mãe nunca gostou de negros.  Minha mãe comeu todos os salgados que eu havia colocado entre ela e a cuidadora.  Chegou a enfiar dois salgados na boca ao mesmo tempo... uma cena chocante.  Uma situação deprimente...  Mas sei que grande parte dessa atitude dela é da doença.  
Hoje pela manhã, a cena se repetiu... Minha mãe estava muito enfezada.  Começou a falar mal da Juju.  Cortei imediatamente a conversa e disse que ela estava agindo errado.  Não dei muito assunto e iniciei a sessão de exercicios que faço diariamente com ela.
Agora a noite ela estava aparentemente tranquila, mas qdo eu estava saindo ela me perguntou: "E se aparecerem aqueles crioulos?"  

sábado, 13 de agosto de 2011

Frases soltas


O dia começou desse jeito:
Porque vc tranca as portas
Meu Deus me ajude, ai que sofrimento!!
Minha vitamina, rápido!!   Meu pão na chapa!  Anda Orlando, senão daqui há pouco ninguem mais entra nem sai, a gente não vai mais comer, nem fazer xixi... vão trancar a porta!
Essa janela preta assim não é boa coisa... daqui a pouco ninguem pode sair de casa!
Você pensa que me engana, está escondendo o lençol porque pensa que eu sou idiota!
Quero ver o carro da Cintia.  Mas mãe, a Cintia não está em casa, ela está na casa do Pablo.  Você acha que eu acredito que vc deixou o Pablo dormir fora de casa!
ROSA!! MARLI!!!  Mãe para de gritar pelos vizinhos, são 6 e meia da manhã, eles vão achar que vc está maluca... então ela se calou e foi deitar com 3mg de lexotan.
Isso tudo ocorreu entre 5,45 e 7 horas da manhã...
Agora a noite passei lá para lanchar com eles.  O clima não tinha mudado muito:
Catia, quero falar sério agora.  Tranca esse armario embaixo da televisão, pra esses macacos não sairem de lá de dentro.. Não tem macaco nenhum mãe...  Vamos lanchar?
Catia vc tem que trancar a porta.  Ainda não, ainda está de dia...  Tranca agora.  Não vou trancar agora, só quando eu for embora.
Voces não sabem como é que é, são 10 mil crioulos mijando em cima da gente...  Mãe não tem crioulo nenhum..  Tem sim...  Mãe já mandei todos embora.  Então tá.
Você diz que vai colocar uma fralda e na hora coloca outra que meu soutien aperta meu peito que não passa nem um dedo...
Mãe vamos ver o gatinho?  Ja começou.  Quer ver lá na cama?  Eu ligo baixinho.   Assim não quero bem alto.  Tá bom então bem alto.
Esse foi o dia da minha mãe hoje, fora os choros e gemidos constantes, nervosismo, aperta a mão como se quisesse enfiar as unhas dentro da palma da mão.
Acho que amanhã vou precisar dar uma dose maior de calmante pra ela.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Carga baixa

Minha bateria tem duração de cinco dias.  Hoje ela já começa a ficar fraca... Amanhã ela acaba literalmente e eu desmaio.
Perdi a hora de manhã e acordei as 5,40... saí que nem uma louca pra casa da minha mãe... ao chegar lá notei a que a luz do quarto já estava acesa.  Pensei... ihhh a chapa esquentou!
Meu pai abriu a porta do quarto e ela fala assim que me vê:  "Poxa eu aqui te esperando há um tempão.... teu pai me pôs de joelho...como você demorou pra abrir essa porta!!!"  Ela pensa que sou eu que a tranco no quarto, por isso fica irada comigo!  Eu cheia de sono levo-a ao banheiro para retirar a fralda, e ela está sequinha.  Podia ter feito xixi na fralda, mas o negócio dela é perambular pela casa a noite e por isso meu pai fecha a porta.
Ela acorda com uma fome terrivel e enquanto não dei o mamão com sucrilhos ela não sossegou.  Acabou de comer e disse que ia se deitar porque estava muito cansada...rs
Passei na volta do trabalho para a rotineira colocação da fralda, dar os remedios... encontrei os dois (mãe e pai) dormindo desde as 5 hs da tarde... 
Coloquei a fralda, dei os remedios e notei que ela achou que tinha acabado de amanhecer, então eu falei: "mãe, eu acabei de chegar do trabalho, a senhora ja está de fralda, pode dormir".  Mal cheguei em minha casa, meu pai me ligou dizendo que ela tinha arrancado a fralda... AO MEU DEUS... NINGUÉM MERECE!!!  Lá fui eu de novo, cumprir o ritual pela segunda vez.  Falei serio com ela.  Disse que eu estava muito cansada, que tinha chegado do trabalho e que já era hora dela dormir.  Acho que meu pai vai ter uma noite de serão, em parte por culpa dele que NÃO QUIS mante-la acordada.  

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Dia de feira

Mais um round travado entre minha mãe e meu pai durante a noite passada.  Levantou-se de madrugada, super agressiva, arrancou a roupa e ameaçou meu pai de morte!!  Xingou de tudo que se possa imaginar... acho que ele já está se acostumando com isso, só recomendei que ele tenha cuidado, pois ela pode feri-lo realmente.
Depois que eu cheguei falou um monte de frases incompreensíveis e disse que ia se deitar pois estava muito cansada... Dormiu cerca de uma hora e levantou-se como nada tivesse acontecido, sorrindo, brincando...    
Fui na feira e ao voltar me perguntou se eu tinha comprado peixe, falei que não tinha, então, ela disse que iria na feira ... rs  Eu disse que não precisava, que eu compraria o peixe no mercado....  Ficou com ideia fixa na feira... a noite ela disse que o Sr. Otavio (meu sogro já falecido) tinha roubado todas as melhores frutas.... Afe... vamos aguardar o capitulo de amanhã...

Os dez mandamentos do amor ao idoso



I – Deixa-o falar - Porque do passado ele tem muito a contar. Coisas verdadeiras e outras nem tanto, mas todas úteis aos espíritos ainda em formação.
II – Deixa-o vencer nas discussões - E não fiques a lembrar a todo instante que suas idéias estão superadas. Ele precisa sentir-se seguro de si mesmo.
III – Deixa-o visitar seus velhos amigos - entreter-se com seus camaradas, porque é dessa maneira que ele consegue reviver os tempos idos.
IV – Deixa-o contar histórias demoradas - ou, muitas vezes, repetidas, porque ele precisa provar a si mesmo que os outros gostam de sua companhia.
V – Deixa-o viver entre as coisas que amou - e que sempre recorda, porque ele já sofre ao sentir que, aos poucos, vai sendo abandonado pela vida.
VI – Deixa-o reclamar, mesmo quando está sem razão –  porque todo ancião, tem direito, como as crianças, à tolerância e à compreensão.
VII – Deixa-o viajar em teu carro –  quando saíres de férias ou nos fins de semana, porque sentirás remorso, se algum tempo depois ele já não estiver aqui para fazer-lhe companhia.
VIII – Deixa-o envelhecer com o mesmo paciente afeto - com que assistes aos teus filhos crescerem, porque em ambos os casos estarás,  demonstrando o mesmo sentimento de amor e proteção.
IX – Deixa-o rezar onde e como queira – porque ele deseja ver sempre a sombra de Deus no resto de estrada que ainda vai percorrer.
X – Deixa-o morrer – entre braços poderosos e amigos, porque o amor dos irmãos é o melhor sinal do amor do Pai que está no céu.
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Nota: “Os dez mandamentos do amor ao idoso” foram redigidos na Itália, por um frade carmelita. A tradução para o português foi feita por um confrade da mesma ordem, residente em Teresópolis, RJ. O texto acima foi revisto por um poeta pernambucano que não quis se identificar. São dele alguns acréscimos ao texto original.