domingo, 30 de outubro de 2011

Uma segunda opinião

Minha mãe continua chorando... chora à toa.  Quando perguntamos porque ela chora, ela diz que está com saudades de mim.  Mas chegamos a conclusão que eu não seu o real motivo do seu choro, pois mesmo estando ao meu lado, ela chora e diz que está com saudades de mim.  Acho que ela está mesmo é com uma baita depressão.

Na sexta feira fomos a um novo neuro, que me encheu de esperança.  Inclusive ele cogitou a hipótese da demência da minha mãe não ser alzheimer.  Ele discordou de todos os medicamentos que ela vem tomando.  Disse que não compreendia como o medico dela podia ter passado remédios tão contraditorios.

Ele reduziu as doses de alguns remedios, mudou o horario de alguns... enfim fez alguns ajustes.  Pediu uma ressonancia magnetica do cranio e pediu para voltar lá dentro de 40 dias, e a partir de então ele passaria a medicação que ele diz ser a mais correta pra ela.

Enfim, ela começou ontem (sabado) com a medicação já alterada pelo novo neuro.  Hoje ela passou o dia aqui em casa.  Na parte da manhã ela chorou basicamente o tempo todo.  A medida que as pessoas chegavam ela foi se distraindo e a tarde já estava sorrindo.

Meu bebezão!!

domingo, 23 de outubro de 2011

Uma fase mais tranquila

A semana foi relativamente calma.  Minha mãe se adaptou ao sistema de plantão das cuidadoras.  

Alguns dias ela está mais disposta que nos outros.  As vezes noto ela distante... mas aquela fase de gritos e agitação passou e espero que não volte...

Na sexta feira não consegui ve-la acordada.  A cuidadora disse que ela passou o dia me chamando.  

Ontem quando ela me viu, pela manhã, caiu no choro.  Disse que estava com muita saudade de mim... rs   Falei com ela que não precisava chorar quando eu saisse, pois eu sempre voltaria.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

E assim vamos vivendo um dia após o outro...

“Trabalhando a culpa 
O paciente de Alzheimer, na maioria das vezes vive bastante tempo e monopoliza seus cuidadores em geral. Somos sacrificados em nossos afazeres, adiando-os, modificando horários e até mesmo deixando-os de lado; isso acontece, não por culpa do paciente, mas porque temos que estar atentos 24 horas por dia.
Além disso, em quantos momentos nos questionamos se estamos agindo certo ou não, se aquele médico está atendendo bem o nosso idoso, se a clínica está tratando-o bem. E as nossas culpas, como nos apavoram, ao longo dessa interminável doença misteriosa! Pouco a pouco, vamos nos esquecendo de nós mesmos, embora nos esforcemos ao máximo. O cansaço e a tristeza, de nós se apoderam.Vamos assim, dia após dia, vivendo a doença junto com nosso vovô como se pudéssemos estar no lugar dele, movidos por uma pena madrasta, de que nada adianta. Vamos nos sentindo insubstituíveis, sem que ninguém nos tenha dado este lugar; vamos nos punindo, mesmo sabendo que o paciente não nos acusou de nada, pois, está desligado totalmente do nosso mundo cá fora. Se estivesse consciente, com certeza diria que não ficássemos ali a sua volta e que fôssemos cuidar da nossa vida.Assim, vamos nos apegando não àquela pessoa, mas ao espectro daquela pessoa, do que dela restou. Então nos julgamos mais úteis do que somos realmente, e o centro de nossas atividades concentra-se ali; involuímos e pensamos o que será de nós, quando da partida daquele ser. Como iremos voltar à nossa vida. Como vamos viver sem termos que cuidar de alguém?”  (retirado do site http://www.espacoarnaldoquintella.com/)  Recomendo a todos! 
Nos últimos dias atravessei um grande dilema.  A situação da minha mãe piorando dia a dia.  Um rosto sem expressão.   As muitas noites sem dormir do meu pai e por isso uma grande tristeza em seu olhar.  A falta de forças para continuar lutando.

Estivemos a ponto de colocar minha mãe numa casa geriátrica.  Estava vendo que não iríamos aguentar sem ajuda de profissionais.  Foi quando conversando com uma das cuidadoras, surgiu a idéia de fazermos plantões de 24 horas entre elas (as 2 cuidadoras).  No principio pensei que seria muito desgastante para uma pessoa cuidar de um paciente com Alzheimer por 24 horas, levando-se em consideração as noites de sono sem dormir...  Mas as 2 cuidadoras toparam e assim está sendo.  Trabalham dia sim / dia não.

Nesta primeira semana está dando certo, tanto é que elas (cuidadoras) decidiram fazer plantão de 48 x 48 horas.  Trabalham dois dias seguidos e folgam os outros dois.  Tomara que dê certo, pois sei que o trabalho com paciente de Alzheimer é bem desgastante, porque temos que exercitar a nossa paciência 24 horas (no caso delas 48 horas!).  Mas estou torcendo muito para que dê certo!

Embora o custo de mante-la em casa com cuidadoras, seja um pouco maior para a família, tenho a possibilidade de vê-la todos os dias (o que não conseguiria se ela estivesse numa casa geriátrica).  Ela também tem meu pai pertinho dela (é incrível como ela está carente dele nessa fase da doença!!).  E além de tudo, o fato dela estar em casa (embora muitas vezes ela peça para ir para a casa dela).

Minha irmã de São Paulo esteve nos visitando no final da semana passada e isso foi muito bom para todos nós.  Levamos mamãe ao médico e foi muito bom para mim ter a opinião de minha irmã nas decisões que eu tenho que tomar.  Sinto muita falta sua aqui Fá.  Aliás, sentimos todos... rs  Volte logo!

O médico diminuiu um pouco a medicação de minha mãe, pois ele a achou muito sedada.   Percebi que ela melhorou um pouco.  Tem noites que dorme muito bem.  Acorda algumas vezes para ir ao banheiro, mas sem gritos.  Essa noite ela chamou pelo meu pai, perdigão, vera... mas eu acho que no fundo ela só queria dizer que estava com vontade de fazer xixi.... rs

E assim vamos vivendo um dia após o outro...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Faz tempo que não passo por aqui...



Na verdade ando muito desanimada, cansada e outros adas da vida... 

Sinto que minha mãe está pouco a pouco partindo... uma partida lenta, sofrida, mas perfeitamente visível para mim que convivo o dia a dia com ela.

Na segunda-feira encontrei-a com os lábios machucados.  Perguntei o que tinha sido aquilo e ela me disse que a colher havia machucado a sua boca.  Mas depois a cuidadora me disse que ela tinha passado uma boa parte do dia arrancando pele dos lábios que estavam ressecados (talvez devido ao longo tempo em que ela passou na emergência do hospital no último sábado, já que o ar condicionado estava muito frio).  Ela tem essa mania há muito tempo (fica puxando pele dos lábios).

Ontem, depois de um engarrafamento colossal,  ao chegar em casa, encontrei-a nua.  Perguntei-a porque estava assim e ela me disse que várias pessoas a empurraram de um corredor lá no alto e que ela caiu com a boca no chão (se referindo ainda aos lábios machucados).  Disse a ela que graças a Deus ela não havia fraturado nada e ela concordou.
Tenho observado que ela está falando menos e também andando menos... (pelo menos na parte da manhã em que fico com ela).  Meu pai diz que é por causa dos remédios, mas eu acho que é a evolução da doença.

Estou lendo um livro que eu ganhei na APAZ intitulado "O bem e o mal de Alzheimer".  Nesse livro ele explica o porque do BEM do Alzheimer.  No livro diz que:

"No Alzheimer, triste como possa ser, há tempo para refletir, há tempo de tentar consertar alguma coisa, há tempo de poder exercitar todo o seu amor." 

E é exatamente isso que eu observo em relação ao meu pai.  Parece que agora que ele está vendo sua mulher indo embora é que ele resolveu expressar de maneira intensa todo o seu amor!"