sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Orientação



O termo orientação inclui: tempo (data, dia da semana, mês, ano e estação), lugar (local da residência e vizinhança) e pessoa (conhecimento sobre sua identidade e a dos outros). A perda de orientação em geral progride de tempo para lugar e, por último, para pessoa. Essa seqüência de perda de orientação é constante, durante a progressão dos três estágios da doença.
No estágio leve, o paciente de Alzheimer pode estar totalmente orientado em relação à data e à localização espacial exatas e consigo mesmo. As relações de tempo (quando os eventos realmente ocorreram), no entanto, podem estar levemente alteradas. Por exemplo: um paciente de Alzheimer no estágio leve pode preparar-se para um compromisso horas ou até mesmo dias antes da data programada. Ele pode também perguntar repetidamente pelo horário de um evento social que está por acontecer. A orientação espacial no ambiente familiar é geralmente muito boa, podendo ocorrer leves dificuldades em ambientes não familiares, sendo possível que o paciente tenha dificuldade de se locomover a outro lugar fora de seu bairro.
No estágio moderado, o paciente muitas vezes perde a noção do tempo e freqüentemente não sabe em que dia, mês ou ano está. A desorientação em relação ao tempo pode manifestar-se como se a pessoa estivesse vivendo em um período anterior de sua vida, podendo acreditar que parentes falecidos ainda estejam vivos e que os filhos adultos ainda sejam crianças. A desorientação quanto a lugar pode ficar evidente na própria casa do paciente, pois ele pode não se lembrar onde fica guardados, por exemplo, os pratos ou os lençóis. Esse problema, em geral, pode ocasionar a colocação de objetos fora de lugar.
No estágio grave da doença, o paciente de Alzheimer perde gradualmente a orientação de tempo, lugar e pessoa. Ele é incapaz de dizer a data correta e precisa de ajuda constante para voltar para casa. O paciente pode responder quando é chamado pelo nome, mas tem dificuldade em repeti-lo. O reconhecimento de membros da família é primordialmente não-verbal.

Levei minha mãe ao médico ontem.   O médico perguntou como estava e ela respondeu: "Estou bem  e o senhor?  Como vai a esposa?" 
 
Ele perguntou se ela sabia quem ele era e ela disse:  "Dr. Renato (a quem ela julga seu um dos meus patrões)"  Ele respondeu que era muito mais bonito que o Dr. Renato... ela sorriu.  
Em seguinda, perguntou a ela quantos anos ela tinha e ela dissse: "60 anos".  Ele, percebendo pelo sotaque, perguntou:  "És portuguesa né?  Com quantos anos veio de Portugal?"  Então respondeu: "Com 30 anos doutor."  
Ele se dirigiu a mim e pediu para confirmar se era verdade mesmo tudo o que ela dissera.  E eu falei que ela tinha vindo para o Brasil com a idade aproximada de 8 a 10 anos.  E que atualmente ela tinha 82 anos de idade.  
Ela também não soube dizer outras coisas tipo:  Em que país vive, onde mora... etc...
O que tem acontecido com frequência também é que eu vou visitá-la todos os dias pela manhã e passamos no mínimo 1 hora juntas (conversando ou fazendo exercicios).  E todos os dias ela me diz:  "Que saudade minha adorada filha!!!  Há quanto tempo eu não te vejo!  Não fica tanto tempo sem vir aqui..."  Ela não consegue se lembrar dos acontecimentos mais recentes...
O médico concluiu que a orientação tempo-espacial dela zerou.  E que isso faz parte da evolução da doença....  

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