quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Faz tempo que não passo por aqui...



Na verdade ando muito desanimada, cansada e outros adas da vida... 

Sinto que minha mãe está pouco a pouco partindo... uma partida lenta, sofrida, mas perfeitamente visível para mim que convivo o dia a dia com ela.

Na segunda-feira encontrei-a com os lábios machucados.  Perguntei o que tinha sido aquilo e ela me disse que a colher havia machucado a sua boca.  Mas depois a cuidadora me disse que ela tinha passado uma boa parte do dia arrancando pele dos lábios que estavam ressecados (talvez devido ao longo tempo em que ela passou na emergência do hospital no último sábado, já que o ar condicionado estava muito frio).  Ela tem essa mania há muito tempo (fica puxando pele dos lábios).

Ontem, depois de um engarrafamento colossal,  ao chegar em casa, encontrei-a nua.  Perguntei-a porque estava assim e ela me disse que várias pessoas a empurraram de um corredor lá no alto e que ela caiu com a boca no chão (se referindo ainda aos lábios machucados).  Disse a ela que graças a Deus ela não havia fraturado nada e ela concordou.
Tenho observado que ela está falando menos e também andando menos... (pelo menos na parte da manhã em que fico com ela).  Meu pai diz que é por causa dos remédios, mas eu acho que é a evolução da doença.

Estou lendo um livro que eu ganhei na APAZ intitulado "O bem e o mal de Alzheimer".  Nesse livro ele explica o porque do BEM do Alzheimer.  No livro diz que:

"No Alzheimer, triste como possa ser, há tempo para refletir, há tempo de tentar consertar alguma coisa, há tempo de poder exercitar todo o seu amor." 

E é exatamente isso que eu observo em relação ao meu pai.  Parece que agora que ele está vendo sua mulher indo embora é que ele resolveu expressar de maneira intensa todo o seu amor!"

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