sexta-feira, 14 de outubro de 2011

E assim vamos vivendo um dia após o outro...

“Trabalhando a culpa 
O paciente de Alzheimer, na maioria das vezes vive bastante tempo e monopoliza seus cuidadores em geral. Somos sacrificados em nossos afazeres, adiando-os, modificando horários e até mesmo deixando-os de lado; isso acontece, não por culpa do paciente, mas porque temos que estar atentos 24 horas por dia.
Além disso, em quantos momentos nos questionamos se estamos agindo certo ou não, se aquele médico está atendendo bem o nosso idoso, se a clínica está tratando-o bem. E as nossas culpas, como nos apavoram, ao longo dessa interminável doença misteriosa! Pouco a pouco, vamos nos esquecendo de nós mesmos, embora nos esforcemos ao máximo. O cansaço e a tristeza, de nós se apoderam.Vamos assim, dia após dia, vivendo a doença junto com nosso vovô como se pudéssemos estar no lugar dele, movidos por uma pena madrasta, de que nada adianta. Vamos nos sentindo insubstituíveis, sem que ninguém nos tenha dado este lugar; vamos nos punindo, mesmo sabendo que o paciente não nos acusou de nada, pois, está desligado totalmente do nosso mundo cá fora. Se estivesse consciente, com certeza diria que não ficássemos ali a sua volta e que fôssemos cuidar da nossa vida.Assim, vamos nos apegando não àquela pessoa, mas ao espectro daquela pessoa, do que dela restou. Então nos julgamos mais úteis do que somos realmente, e o centro de nossas atividades concentra-se ali; involuímos e pensamos o que será de nós, quando da partida daquele ser. Como iremos voltar à nossa vida. Como vamos viver sem termos que cuidar de alguém?”  (retirado do site http://www.espacoarnaldoquintella.com/)  Recomendo a todos! 
Nos últimos dias atravessei um grande dilema.  A situação da minha mãe piorando dia a dia.  Um rosto sem expressão.   As muitas noites sem dormir do meu pai e por isso uma grande tristeza em seu olhar.  A falta de forças para continuar lutando.

Estivemos a ponto de colocar minha mãe numa casa geriátrica.  Estava vendo que não iríamos aguentar sem ajuda de profissionais.  Foi quando conversando com uma das cuidadoras, surgiu a idéia de fazermos plantões de 24 horas entre elas (as 2 cuidadoras).  No principio pensei que seria muito desgastante para uma pessoa cuidar de um paciente com Alzheimer por 24 horas, levando-se em consideração as noites de sono sem dormir...  Mas as 2 cuidadoras toparam e assim está sendo.  Trabalham dia sim / dia não.

Nesta primeira semana está dando certo, tanto é que elas (cuidadoras) decidiram fazer plantão de 48 x 48 horas.  Trabalham dois dias seguidos e folgam os outros dois.  Tomara que dê certo, pois sei que o trabalho com paciente de Alzheimer é bem desgastante, porque temos que exercitar a nossa paciência 24 horas (no caso delas 48 horas!).  Mas estou torcendo muito para que dê certo!

Embora o custo de mante-la em casa com cuidadoras, seja um pouco maior para a família, tenho a possibilidade de vê-la todos os dias (o que não conseguiria se ela estivesse numa casa geriátrica).  Ela também tem meu pai pertinho dela (é incrível como ela está carente dele nessa fase da doença!!).  E além de tudo, o fato dela estar em casa (embora muitas vezes ela peça para ir para a casa dela).

Minha irmã de São Paulo esteve nos visitando no final da semana passada e isso foi muito bom para todos nós.  Levamos mamãe ao médico e foi muito bom para mim ter a opinião de minha irmã nas decisões que eu tenho que tomar.  Sinto muita falta sua aqui Fá.  Aliás, sentimos todos... rs  Volte logo!

O médico diminuiu um pouco a medicação de minha mãe, pois ele a achou muito sedada.   Percebi que ela melhorou um pouco.  Tem noites que dorme muito bem.  Acorda algumas vezes para ir ao banheiro, mas sem gritos.  Essa noite ela chamou pelo meu pai, perdigão, vera... mas eu acho que no fundo ela só queria dizer que estava com vontade de fazer xixi.... rs

E assim vamos vivendo um dia após o outro...

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